Novo título da Biblioteca Avante!

<i>Insurreição</i>, de Liam O'Flaherty

«Era meio-dia da segunda-feira de Páscoa de 1916 na cidade de Dublin.» Começa assim Insurreição, o último romance de Liam O’Flaherty, publicado pela primeira vez em 1950 e que agora as Edições Avante! editam na sua colecção Biblioteca Avante!.

Celebrou-se este ano o centenário da Revolta da Páscoa

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Da Revolta da Páscoa ficaram registados para a História muitos nomes da resistência irlandesa contra o domínio inglês: Patrick Pearse, que leu a proclamação do governo provisório da República da Irlanda – «Declaramos o direito do povo da Irlanda à propriedade da Irlanda, ao controlo sem restrições dos destinos irlandeses, soberanos e irrevogáveis» –, na Estação dos Correios que funcionou como centro da revolta, Tom Clarke, James Connolly, Sean Mac Diarmada, Joseph Plunkett, Thomas MacDonagh, Eamonn Ceannt…

Todos estes dirigentes, que assinaram a referida proclamação, vieram a ser executados num espaço de duas semanas. James Connolly – destacado socialista irlandês que, com Lénine e outros, se opôs desde o início à traição da Internacional Socialista no alinhamento nacional dos seus partidos na Primeira Guerra Mundial –, seriamente debilitado pelos combates, foi executado de forma bárbara, atado a uma cadeira pois estava incapaz de se aguentar de pé perante o pelotão de fuzilamento.

Insurreição é uma história entre tantas outras que se podiam contar desses dias. No meio do turbilhão, evidenciam-se as particularidades e as contradições de cada personagem, o medo e a coragem, a esperança e a resignação, a tristeza e a revolta, tudo enquanto o exército imperial tenta esmagar a rebelião que se defende nas barricadas. Assim, além da compreensão psicológica das personagens, são admiráveis a rapidez e a tensão da narrativa, a emoção que a enforma, a poesia que simultaneamente suaviza o horror e o aviva.

Nome maior da literatura irlandesa

Liam O’Flaherty demonstra nesta obra por que razão é considerado um dos nomes maiores da literatura irlandesa. Produtor de uma vasta obra, de que se destacam, além de Insurreição, obras como O Delator (que se transformou num dos grandes clássicos do cinema graças à adaptação de John Ford) e Fome, O’Flaherty começou a dedicar-se plenamente à literatura no exílio.

Fez parte da fundação do Partido Comunista da Irlanda e foi director do seu jornal semanal Workers’ Republic. Em 1922, já depois da independência da Irlanda, dirigiu uma revolta de desempregados, que exigia que o novo governo atendesse às reivindicações da classe operária, e que culminou no desfraldar de uma bandeira vermelha numa sala de teatro que tinha sido ocupada.

No ano em que centenas de milhares de pessoas encheram as ruas de Dublin para marcar o centésimo aniversário da Revolta da Páscoa, que abriu caminho para a independência da Irlanda, ler Insurreição é um acto de homenagem a esses dirigentes, mas também aos Bartly Madden, Kinsella, Stapleton e Tommy Colgan, e outros como eles, ficcionados ou anónimos, que na Irlanda e por todo o mundo demonstram quão errados estão os opressores do povo, que pensam que «a lei é mais forte que a vida e que o desejo do homem de ser livre».




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